Nos primeiros séculos da era cristã, o culto de louvor aos santos resumia-se unicamente aos mártires, que usufruíam da veneração dos fiéis, com as celebrações em sua intenção a terem lugar nos subterrâneos das catacumbas e no interior das primeiras basílicas. Em Antioquia, o primeiro domingo de Pentecostes ou o domingo imediato era reservado à consagração de todos os mártires em comum, culto que se estendeu ao Ocidente, dedicado depois a todos os mártires e também aos Apóstolos e aos anjos.
De acordo com a tradição, os primórdios da festa (IdadeMédia) prendem-se também com o facto da Igreja poder ter esquecido durante o ano, nas suas celebrações, o nome de algum santo e de omitir aqueles que não figuravam no calendário litúrgico, aos quais correspondiam algumas festividades de cariz particular a eles consagradas, corrigindo desta maneira essa falta - além de se admitir que a celebração traria benefícios graças à intercessão de todos os santos junto de Deus, devido às orações que lhes eram dedicadas neste dia pelos fiéis.
Designado primitivamente dia de Nossa Senhora dos Mártires, a data foi celebrada durante mais de dois séculos no dia 13 de Maio com um ofício próprio, enquanto por volta de 737 passa a ser incluída no cânone da missa uma alocução dedicada a todos os santos. Ainda no século VIII (741), Gregório III manda erigir na Basílica de São Pedro, em Roma, uma capela dedicada ao Divino Salvador, a sua Santíssima Mãe, aos Apóstolos e a todos os mártires e confessores, dando-se assim um maior impulso à Festa de Todos os Santos.
No século IX (835), a data desta festa religiosa é então fixada no dia l de Novembro pelo papa Gregório IV, que de há muito vinha pressionando Luís I, o Piedoso, rei de França, de modo a emitir um decreto que oficializasse a celebração. Com efeito, a partir de 837, por decreto real, a data da festividade no dia l de Novembro torna-se universal, constituindo uma das maiores solenidades para toda a Igreja Cristã.
No final do século X, Santo Odilão ou Odilon, quarto abade de Cluny (994-1048), junta às celebrações em louvor dos santos algumas orações em favor do descanso eterno dos defuntos. Esta introdução levou mais tarde a que se procedesse à separação das duas datas, vindo o dia l de Novembro a ser consagrado a todos os santos da Igreja Católica, enquanto o dia 2 passou a ser dedicado exclusivamente aos fiéis defuntos.
Fonte: Festas e Tradições Portuguesas de:
Jorge Barros e Soledade Martinho Costa (Círculo de Leitores)