terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Naufrágio de San Pedro de Alcântara - 1















No próximo dia 2 de Fevereiro de 2010, comemora-se o 224º aniversário do Naufrágio de San Pedro de Alcântara, navio de guerra espanhol, na Papoa em Peniche.
O navio de guerra espanhol de 64 canhões, partiu do Peru na América do Sul em 1784 com destino a Cadiz no Sul de Espanha. Carregava Cobre, Prata e Ouro provenientes das minas Peruanas, bem como um extenso e valioso espólio constituído por peças de cerâmica pré-hispânica da cultura Chimu, pertencente à colecção cientifica dos botanistas Ruiz e Pavon, que estes recolheram no início de 1780 de diversas ruínas e cavernas na região de Tarma. Transportava ainda uma sinistra carga humana, Incas do movimento independentista Tupac Amaru, para além da tripulação e passageiros, num total de mais de 400 pessoas. Este navio, construído com madeira tropical de caoba por um armador Inglês ao serviço do Rei de Espanha, nos arsenais da Ilha de Cuba em 1770/71, zarpou do Peru com uma carga que excedia em muito o peso considerado seguro.
Em 1784 o San Pedro de Alcântara carregava quase mil toneladas de carga, ou seja, cerca do dobro da carga normalmente indicada como limite para um navio daquelas características. Desta carga, cerca de 600 toneladas seriam de Cobre, 153 toneladas de Prata sob a forma de moeda e 4 toneladas de Ouro.
Com esta carga o navio corria o risco de perder o fundo em caso de uma tempestade e ficaria muito difícil de manobrar. Durante a viagem, e desde o seu início eram inúmeras as infiltrações de água que se registavam no San Pedro de Alcântara, de tal forma que estava em risco de naufragar, tanto assim que apesar do contínuo movimento de bombas de água pela tripulação, após dobrar o Cabo Horn, o navio aportou ao Rio de Janeiro no Brasil para reparações. Com as reparações terminadas, no início de 1786 o San Pedro de Alcantara partiu novamente para a sua jornada com destino a Espanha. Às 22h30 do dia 2 de Fevereiro de 1786 o San Pedro de Alcântara encontraria o seu destino ao embater de forma muito violenta contra os rochedos da Papoa em Peniche. A uma velocidade de cerca de 6 nós o excessivamente pesado casco partir-se-ia em dois, com o porão a afundar-se imediatamente e o convés flutuando por algum tempo afundar-se-ia mais adiante. Desta tragédia resultariam 128 mortos e 270 sobreviventes. Imagine-se o horror dos Incas cativos, presos provavelmente no porão com grilhetas de ferro.

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