quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Estudar ou não, eis a questão


Parece irónico, mas é a realidade, é o que se passa nos dias de hoje.
É a crise. Tudo de mau que se passa,atribuem-se as culpas à crise. O que é certo, muitos empresários/empregadores também se aproveitam desta oportunidade.
O caso que vou contar passou-se há pouco tempo com uma pessoa de Peniche, que respondeu a um anúncio de oferta de trabalho para recepcionista de um hotel de Óbidos.
Depois de ter respondido ao anúncio, marcaram-lhe uma entrevista, no dia e hora marcada apresentou-se no hotel.
Foi entrevistada pela gerente, que colocou logo objecções devido à idade, pois já tinha mais de 40anos; mas como estava com urgência de um novo funcionário e não aparecia ninguém, combinou com a pretendente à vaga que aguardasse 3 ou 4 dias, se não aparecesse mais ninguém que lhe telefonava.
Pois bem ao fim desses dias, a gerente telefonou à senhora de Peniche, à qual perguntou se estava interessada em trabalhar durante um dia à experiência; a resposta foi afirmativa.
Esta senhora dirigiu-se mais uma vez a Óbidos. Quando lá chegou expuseram-lhe as condições:
-Tinha que fazer 2 turnos, um das 8h/16H e na semana seguinte fazia das 16h/24h
-Hora das refeições não havia, ia ao refeitório comer, mas assim que se despachasse ia para o local de trabalho, nem chegava a 30minutos.
-O ordenado era de 430€ ilíquidos
-Tinha que ter conhecimentos de inglês, francês e uma 3ªlingua
Tinha que ter conhecimentos de informática, inclusive do newhotel
Tinha que atender a recepção e o bar, ao mesmo tempo, caso houvesse clientes.etc,etc,etc

Ao fim deste dia de experiência de trabalho, esta senhora tomou a decisão de não voltar mais lá.
Isto porque tinha que fazer despesa nos transportes públicos, logo era retirado do ordenado uma percentagem, mais os descontos para a segurança social.
Não compensava o sacrifico.

Esta é uma de muitas situações actuais no nosso país.Esta senhora, tinha uma licenciatura, mas não lhe serviu de nada.
O Estado incentiva que se estude, que se tire cursos de formação; é uma óptima ideia. Quem estuda sente-se de certa forma realizado, pelo menos a nível de cultura. Mas não é só de cultura que se vive.
Há quem tire os cursos e não consiga emprego, ou então consegue trabalhos onde não são necessárias tantas habilitações e de baixo rendimento, por vezes sentem-se desvalorizados.
Sente-se mais culta ou mais ignorante? Em certos postos de trabalho, há patrões que levam os empregados a sentirem-se diminuídos.
O Estado, devia criar postos de trabalho, e não estágios, formações e outras situações do género. Estas não garantem o futuro e não criam estabilidade profissional nas famílias.

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